sábado, 12 de novembro de 2011

BIOGRAFIA/ PATRONO DA BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL
Profª. TEREZINHA DE JESUS MEDEIROS GÓES
Terezinha de Jesus Medeiros Góes nasceu no dia 11 de agosto de 1927, na Fazenda Amazonas, município de Brejo do Cruz-PB, filha do casal Francisco Bezerra de Medeiros e Ana Anita de Almeida sendo a primogênita de uma família de quinze filhos.
Com apenas um ano de idade foi adotada por seus avós maternos, Joaquim Cirilo de Almeida e Maria Francisca de Almeida. Diante disso foi morar na Fazenda Margarida situada no distrito de Cruzeta. Sua avó e mãe adotiva era professora da Escola Isolada daquela Fazenda.
No ano de 1937 ficou um tempo hospedada, em Cruzeta, na casa de seus padrinhos Joaquim Lopes Pequeno (Seu Baé) e D. Jacinta para estudar no Grupo Escolar Otávio Lamartine.
Em dezembro do mesmo ano seus avós foram morar na Fazenda Entendimento-PB a qual pertencia ao seu pai, dando continuidade aos estudos.
No ano de 1942 retornou a Cruzeta e foi morar na Fazenda Cauassú onde sua avó era professora passando a auxiliar a mesma na turma. Em meio a isto começou a dar aulas no Grupo Escolar Otávio Lamartine.
Casou-se em 09 de janeiro de 1952 com o Sr. Cícero Dedice de Góes constituindo uma família de cinco filhos.
Foi diretora do Grupo Escolar Otávio Lamartine entre 1949 à 1955.
Um de seus grandes feitos foi a pesquisa realizada sobre a fundação de Cruzeta e sobre o aspecto físico do município. Esta pesquisa deu origem ao livro “Noções de Geografia e História do Município de Cruzeta”, que até hoje serve de referência para muitos estudiosos e professores. A pesquisa em forma de livro foi efetuada nas comemorações dos cinqüenta anos de fundação da cidade de Cruzeta no ano de 1970.
Por duas vezes foi diretora do Grupo Escolar Joaquim José de Medeiros.
Atualmente, a Srª Terezinha de Jesus Medeiros Góes é viúva e reside na capital do Brasil, Brasília, mas não se esquece das boas lembranças de sua terra natal – Cruzeta.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

BIOGRAFIA/ PATRONO DA ESCOLA ESTADUAL
JOAQUIM JOSÉ DE MEDEIROS
Joaquim José de Medeiros era bisneto do Capitão-mor dos Remédios, Sr. Manoel de Medeiros Rocha.
Nasceu na Fazenda Riacho do Jardim, a 26 de janeiro do ano de 1868 e Ra filho do Sr. Luís Geraldo de Medeiros e de D. Maria Avelina de Medeiros.
Cidadão honrado e trabalhador, de resoluções inquebrantáveis, mas sempre tomadas para o bem comum.
Desde o princípio, quando ainda não havia surgido o povoado que dera origem a cidade de Cruzeta, ele resolvia pacificamente todas as questões surgidas nesta redondeza. Foi sempre tido como chefe nesta região e depois fundador do povoado Remédios. Como fundador, continuou gozando deste privilégio, tendo em vista que não existiam autoridades como: prefeito, delegado, padre, dentre outras.
Homem de fé praticava o catolicismo. Doou generosamente ao Patrimônio de Nossa Senhora dos Remédios, partes de suas terras onde hoje abriga o centro da cidade de Cruzeta. Empenhou-se de corpo e alma na campanha de criação da Paróquia, mas não teve a glória de ver a Vila passar a cidade. Não possuía grandes riquezas mas vivia independente.
De seu único matrimônio com D. Izabel Romana de Medeiros, nasceram 10 filhos.
Faleceu aos 84 anos de idade, em 18 de setembro de 1952 em sua Fazenda Riacho do Jardim, deixando para todos um exemplo honrado de chefe de família, digno cidadão e zeloso pelo bem comum.
BIOGRAFIA/ PATRONO DO
CENTRO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL
JOAQUIM LOPES PEQUENO
Cognominado Baé, Joaquim Lopes Pequeno nasceu na cidade de Acari-RN, em 03 de setembro de 1892. Filho do Sr. Joaquim Lopes Pequeno e de D. Tereza Brasileira de Jesus. Casou-se com Jacinta Veras. Do seu matrimônio não sobreviveu nenhum filho.
Chegou a Cruzeta em outubro de 1920 quando tinha início os trabalhos de construção do açude público. Naqueles trabalhos exerceu as funções de motorista e depois de armazenista. Dedicou-se inteiramente à causa dos cruzetenses.
Gozou sempre de grande prestígio e aproveitou essa conquista em favor não só da terra, mas também dos que viveram na Vila dos Remédios.
Foi agricultor, criador e comerciante, foi também no município de Cruzeta a figura de grande relevo político. Foi eleito segundo Prefeito Constitucional em 03 de outubro de 1959.
Em Cruzeta Povoado e Vila, Joaquim Lopes Pequeno, prestara-lhe os serviços de Delegado de Polícia e Diretor Educacional.
Como prefeito subscreveu ações da COSERN para eletrificação da cidade pela energia de Paulo Afonso. Manteve assistência médica no município por um contrato semanal com Dr. Odilon Guedes, médico de Acari. Tinha convênio com o Hospital do Seridó em Caicó, depois com o Hospital Padre João Maria em Currais Novos e Hospital Colônia em Natal.
Muito lutou junto a autoridades competentes na obtenção de verbas para construção do prédio dos Correios e Telégrafos. Nos últimos meses de vida ainda manteve entendimentos com autoridades, no sentido de que conseguissem verbas para a construção de pontes sobre os escoadores do açude público.
Foi grande trabalhador na causa da organização dos limites entre Cruzeta e Acari. Fez muito pela Igreja de Nossa Senhora dos Remédios.
Cidadão honrado, muito querido por todos. Nunca houve quem o procurasse toda a atenção e ajuda que estivesse ao seu alcance. Amigo de todos, do velho à criança; todos o conheciam e estimavam como Seu Baé.
Batalhador incansável pelo progresso de Cruzeta. Faleceu em 03 de outubro de 1970, depois de um longo sofrimento. Sua morte pranteada e lamentada por todos os cruzetenses deixou uma saudade profunda aos que desfrutavam de sua benéfica atuação, de sua índole pacífica e benfeitora.
BIOGRAFIA/ PATRONO DA ESCOLA MUNICIPAL
CÔNEGO AMBRÓSIO SILVA
A história religiosa da cidade de Cruzeta está estreitamente ligada à figura do Cônego Ambrósio Silva.
Sacerdote pernambucano nasceu a 15 de dezembro do ano de 1900, no município de Bonito.
Era filho do casal Joaquim Francisco da Silva e de Vivência de Oliveira Leite e Silva. Fez seus estudos no tradicional Seminário de Olinda. Ordenou-se no dia 02 de abril de 1927. Esta cerimônia realizou-se na capela do colégio da Imaculada Conceição em Natal/RN e foi oficiada pelo Excelentíssimo Senhor Bispo D. José Pereira Alves, pastor daquela Diocese.
Vigário de várias cidades no Rio Grande do Norte exerceu a maior parte da sua vida sacerdotal na Paróquia de Acarai. Em 21 anos serviu a Paróquia de Nossa Senhora da Guia naquela cidade, e como a ele pertencíamos, esse trabalho sacerdotal estendeu-se até Cruzeta.
Empreendeu arrojada campanha ao lado dos seus paroquianos cruzetenses, a fim de torná-la Paróquia independente e com grande glória, viu-a coroada de êxito. Fizera esta campanha andando a cavalo, e até a pé, junto aos seus amigos cruzetenses. Foi pelos sítios e fazendas, conseguindo dádivas de animais e um grande número de outros donativos. Com estas coisas ofertadas promoveu arrojado leilão, cuja renda foi suficiente para construir o patrimônio da Nov Paróquia. A generosidade do povo cruzetense foi além do que o padre esperava e com o saldo ele comprou um sito para a nova freguesia.
No dia 15 de novembro de 1954, a capela de Nossa Senhora dos Remédios foi promovida a paróquia. Criada a paróquia de NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS, padre Ambrósio, apesar de vigário de Acari, conseguiu a permissão do Bispo Diocesano D. José de Medeiros Delgado, par ficar definitivamente em Cruzeta.
Antes da criação da paróquia, padre Ambrósio já havia feito uma ampliação na capela e construído altares. Depois de matriz, o vigário construiu a imponente torre. Antes de falecer, padre Ambrósio fez uma reforma geral no interior e na parte externa da igreja.
Matinha entre o povo uma disciplina modelar na igreja. Deixou-a bem servida de utensílios sacros, ornamentos, móveis e paramentos.
Externava uma fé inabalável no Santíssimo Sacramento, um zelo especial pela Santa Eucaristia. As paróquias regidas por ele destacavam-se pela frequência dos paroquianos a mesa eucarística.
No exercício religioso das noves primeiras sexta-feira, o incansável vigário chegava a atender sozinho, em confissão, cerca de 1.200 fiéis, ficando na igreja até meia noite e no dia seguinte, já às três horas da manhã, estava tocando fortemente o sino, a chamar os penitentes que quisessem receber dele, em nome de Deus, o perdão dos seus pecados; após, com aparente satisfação distribuía a Santa Comunhão. Só uma coisa o irritava neste ato de piedade, quando alguma senhora distraída ou alguma mocinha desatenciosa, cortava a fila que dava acesso a mesa da Comunhão. Todos deviam cantar os hinos religiosos na hora da missa com voz muito forte.
Sem nenhum amor a riquezas temporais, Cônego Ambrósio levou uma vida humilde e sem conforto corporal. Andava sempre com sua batina preta a flamejar ao vento nas ruas de terra batida da imponente vila. Seu temperamento forte foi muito apega as causas políticas. Chegou a ser candidato a prefeito da cidade de Florânea/RN, onde também foi vigário.
Detestava a anarquia, sob o ponto de pegar a próprio punho os deturpadores da ordem, retirando-os do meio onde devia reinar a disciplina.
Cônego Ambrósio Silva faleceu aos 57 anos de idade no dia 1º de dezembro de 1957, na cidade de Santa Cruz/RN, quando viajava para Natal à procura de recursos médicos, contra o terrível mal que eliminara sua vida.
BIOGRAFIA/ PATRONA DA ESCOLA MUNICIPAL
ANA ASSIS DE MEDEIROS
Cognominada D. Naninha, Ana Assis de Medeiros nasceu no município de Florânia-RN em 06 de março de 1937. Filha do Sr. Manoel Patrício de Medeiros e da Srª Izabel Theodomira de Medeiros.
Quando jovem, portava de grande estima exercendo com total sabedoria a perfeita educação recebida de seus pais
Casou-se com o renomado comerciante, Sr. Manoel Peixinho de Medeiros, filho do Sr. Manoel Peixinho de Medeiros e Srª Francisca Maria de Jesus.
No ano de 1952, veio residir no município de Cruzeta no Sítio Riacho do Jardim, onde iniciou sua carreira profissional de educadora na Escola Isolada Malhada Grande, permanecendo até o ano de 1955.
Por motivo superior, veio lecionar na cidade de Cruzeta onde deu continuidade como professora na Escola Estadual Otávio Lamartine e Escola Estadual Joaquim José de Medeiros.
Gozou sempre de grande prestígio na causa educacional do nosso município.
Foi mãe de nove filhos, dos quais criou sete, repassando para os mesmos bons exemplos de vida e uma boa educação.
Como mãe foi um verdadeiro exemplo, como educadora foi conselheira, elal e amiga.
Recebeu dos pais a doutrina católica a qual exerceu de forma bela. Foi zeladora, presidente e secretária do Apostolado da Oração da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios, como também era associada da Congregação de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro aos quais exerceu com dignidade, amor, honestidade, perseverança e humildade.
No ano de 1982 comemorou trinta anos de serviços prestados a educação de Cruzeta com orgulho de várias conquistas.
Faleceu aos 59 anos de idade, em 26 de outubro de 1993 no Hospital Maternidade de Cruzeta.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

CÂMARA MUNICIPAL DE CRUZETA
PODER LEGISLATIVO

A função do Poder Legislativo consiste na elaboração das Leis Municipais, as aprova para que sejam sancionadas e executadas pelo prefeito. Este órgão deve ter imparcialidade entre estes poderes tendo em vista que tem o objetivo de acompanhar, fiscalizar e orientar o Executivo quanto à aplicação dos recursos públicos oriundos de diversas esferas governamentais.
Com a instalação do município, em 15 de março de 1954, teve-se a posse do primeiro Prefeito de Cruzeta o Dr. Sérvulo Pereira de Araújo. Foi neste mesmo ano que ocorreu a primeira eleição que elegeria o nosso primeiro Prefeito Constitucional e os primeiros membros que constituiriam a Câmara Municipal. Dr. Sílvio Bezerra de Melo foi escolhido, pelo voto popular, para ser o representante do Executivo.
Para representar o Poder Legislativo foram escolhidos oito vereadores:
• Antônio Alves da Cunha
• Tiburtino Bezerra de Araújo
• Sebastião José de Araújo
• João Damasceno Lopes de Araújo
• Cícero Simão Bezerra
• Miguel Pereira de Araújo
• Ladislau Salvino de Medeiros
• João Bernardino Filho
Na época quem presidiu a Presidência da Câmara foi o Sr. Felix Pereira de Araújo, Vice-prefeito, companheiro de chapa do Dr. Sílvio Bezerra de Melo.
A posse do Prefeito, Vice-prefeito e vereadores dera-se a 31 de janeiro de 1955.
Para sede da Prefeitura e da Câmara Municipal fora alugada uma casa residencial bastante simples e sem muita estrutura física e mobiliária. A Câmara fora instalada em um pequeno compartimento deste imóvel, onde hoje é a junta militar e posteriormente em uma sala na própria prefeitura.
Muitas pessoas de renome já passaram pela Câmara municipal de Cruzeta e deram o seu melhor para o progresso do nosso município.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Oração a Nossa Senhora dos Remédios


Pedir por todos dos sofrimentos.

Virgem soberana rainha do céu e da terra, estrela resplandecente, Senhora dos Remédios, sede o remédio eficaz aos meus males, as minhas dores, minhas aflições, aos meus martírios, aos meus trabalhos, livrai-me da peste, enxugai o meu pranto, aliviai-me desta dor que sofro deste perigo em que estou, desta cilada que me armaram, defendei a minha justa causa, lançai os Vossos misericordiosos olhos em torno de mim, o mais indigno e fiel pecador, lançai Virgem Santíssima sobre mim os Vossos olhos de piedade com aquela ternura e amor com que lançastes ao Sacrossanto cadáver de Vosso adorado Filho, Jesus Cristo, quando Vos entregaram tão cruelmente maltratado.
Se Vos compadecestes desses ingratos algozes como não fareis a mim que choro, que clamo contra tanta impiedade para com Deus tão bondoso.
Rogai Senhora dos Remédios ao Vosso amantíssimo Filho por mim pecador, para que possa, sem receio, entrar nessa celestial corte, onde reinais para sempre.
HINO DE NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS


1. Eia povo devoto a caminho / sob a vista bondosa de Deus./ Vamos todos levar nosso preito / à bendita Rainha dos Céus.

REF.: Salve ó Virgem Mãe piedosa, / Salve estrela formosa do mar./ Santa Mãe dos Remédios / sobre nós lançai o olha(bis).

2. Lindas flores lancemos contentes, / sobre a fronte da Mãe de Jesus / para que Ela nos mostre o caminho que à paragem celeste conduz.

3. Nossas almas desfilam ferventes / sobre a água do mar / lindos hinos de amor procuramos à Rainha do Céu exaltar.

4. Nossa vida será mais tranquila, / toda cheia de flores e luz. / se nós formos buscar doce abrigo, / sob o manto da Mãe de Jesus.
A ARTE ARQUITETÔNICA E ARTISTICA
DA IGREJA DE N. S. DOS REMÉDIOS: CRUZETA-RN


A igreja sofreu influência de dois estilos artísticos arquitetônico: o GÓTICO (estilo arquitetónico que segundo pesquisas, é evolução da arquitetura românica e precede a arquitetura renascentista) e o ROMANO (Os conjuntos arquitectónicos seguem, geralmente, a planta basilical, uma, três ou cinco naves (geralmente três), colunas que sustentavam as abóbadas e um aspecto maciço e horizontal) constituído de três naves – a primeira que dá acesso ao altar-mor e duas secundárias que terminam com a implantação de dois andares menores.
No ano de 1986 a arquitetura artística passou por grandes mudanças. No lugar dos grandes janelões tradicionais ganhou a influência da Arte Bizantina através de lindos Vitrais.
A Matriz foi tombada pelo Patrimônio Histórico – IBGE – protegida por Lei nº 2321-5 e foi consagrada em 18 de outubro de 1987.
Em 2011, Pe. Héliton Marcone resolve adornar com maior requinte o estilo artístico da Matriz. As antigas colunas ganharam um requinte Capitel no estilo Coríntio. Pintura estilo marmorizado (pintura que imita o mármore), a base de tinta policollor ouro rico (importada de Milão).
O altar da padroeira foi totalmente modificado através de um estilo tradicional, com nicho único com base para duas imagens laterais acessórias (São José e o Coração de Jesus). Molduras em folhas de ouro. Corpos do altar no mesmo estilo das colunas e arcos do presbítero e a nave central. Tem quatro colunas na parte superior as iniciais de Nossa Senhora dos Remédios (NSR). Abaixo da imagem da Padroeira terá um painel e os detalhes de friso e ramagem. Também foi usada tinta policollor ouro rico (importada de Milão).
O presbítero ganhou reforma em granito com barra de mármore, ambão novo, a mesa eucarística continuou a mesma, pois o altar é dedicado, o mesmo foi apenas revestido.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Historia das Rendas

Historicamente, a renda pode ser muito antiga, caso esta seja considerada exemplo de algumas espécies de tramas de fios produzidas ainda no período neolítico. Porém, na forma de sua configuração atual, este artesanato têxtil é relativamente recente. É apenas entre os séculos XV e XVI que a história começa a apontar indícios de sua origem, com Flandres e Itália reivindicando sua paternidade. Flandres intitulando-se inventora da renda de bilros e a Itália pedindo a patente da renda de agulhas, da qual nasce a renda renascença.
Mesmo antes do século XV, em meados dos séculos XII e XIII, a história explora a possibilidade de a renda ter aparecido na Espanha e em Portugal, para onde os mouros a teriam levado.
Mas, nesse caso, não se trata da renda como viemos a conhecer por volta dos anos 1500, e sim de alguns tipos especiais de bordados e tramas desenvolvidos com maestria pelos árabes.
Ao se analisar atentamente a arte árabe, encontra-se semelhanças tipológicas entre esta e a renda produzida na Europa a partir do século XV. Seu estilo artístico é fundamentado em princípios religiosos e desaconselha qualquer representação da figura humana. Dentro dessa aparente limitação criativa, seus artistas desenvolveram muito as formas abstratas como linguagem para sua expressão visual, adotando a geometria, a caligrafia e os motivos florais como principais elementos de sua estética. Essa forma de representação imagética ficou conhecida como arabesco e foi largamente usada na decoração de prédios e artefatos
de uso cotidiano. Os arabescos árabes configuram tramas visuais complexas e rebuscadas, e essas tramas, quando comparadas morfologicamente com as tramas das rendas do século XV, apresentam vários aspectos semelhantes. Por isso, é provável a hipótese desta arte ter influenciado de algum modo a criação da renda européia.
As pioneiras investigações foram no sentido de produzir bordados com linha branca sobre fundos claros e em tecidos leves e transparentes, como tule e musselina. Em seguida, criaram a técnica de cortar certos espaços vazios do tecido entre os motivos bordados, vazando-se áreas estratégicas ao redor deste. Os italianos batizaram essa invenção de punto tagliato, os franceses de point coupé, ou seja, ponto cortado. Estava, nesse momento, dado o primeiro passo à criação da renda, e nascia também o que tempos depois ficou conhecido como a técnica para a produção do richelieu.
Após o ponto cortado, as experimentações dos artesãos continuaram e criaram o que foi chamado pelos italianos de fili tirani, e pelos franceses de fils tires, ou fios puxados. Esse processo consistia em retirar do tecido alguns fios, conservando apenas os necessários para estruturar e interligar os pontos e os motivos bordados. Esta técnica específica do desfio deu origem a um tipo especial de renda, conhecida no Brasil como crivo ou labirinto.
A esse bordado cortado e agora feito sobre tecidos propositalmente desfiados, os artesãos acrescentaram pequenas barras serrilhadas ao seu redor, para dar-lhe acabamento lateral e mais sustentação. Sem o fundo de tecido e com a barra ao redor o bordado já poderia ser considerado, praticamente, uma peça de renda.
Para estes novos pontos foram criados inúmeros desenhos de padrões para serem produzidos em diferentes modelos. Estes padrões popularizaram-se através dos livros de padrões, desenvolvidos e editados na Itália durante todo o século XVI.
As pesquisas para a feitura de novos pontos continuaram especialmente na Itália. Entre todos os pontos cortados criados, aquele que se apresentava como inteiramente novo ficou conhecido como ponto no ar. O que o divergia dos demais era o fato de ele não precisar de um tecido de base para ser executado, diferentemente do ponto cortado, no qual, embora o tecido praticamente desaparecesse após o desfio, ainda assim, só era possível de ser produzido tendo um tecido como base.
O ponto no ar era feito de maneira livre do tecido; isso possibilitou uma ruptura completa entre o bordado e a renda, a qual acabava de nascer. Em decorrência desta descoberta, é possível reconhecer a Itália como a grande responsável pelo invento deste novo artesanato têxtil. Mesmo assim, dentro do país passou a existir uma disputa entre as cidades de Ragusa e Veneza pela paternidade da criação deste ponto. Porém, Veneza veio a se tornar um centro bem mais famoso e respeitado na produção de rendas de agulhas, exportando tanto seu artesanato como seu conhecimento para outros países europeus.
O ponto no ar, após a fama de Veneza, também ficou conhecido como ponto de Veneza e começou a ser utilizado amplamente na França, juntamente com seus precursores artesanatos têxteis, como o ponto cortado e os fios tirados.
Mais tarde, na França, entre 1754 e 1793, as artesãs trabalharam para aperfeiçoar o ponto de Veneza e criaram o point de France, ou ponto da França, que logo consolidou a supremacia daquele país na produção de rendas de agulhas em toda a Europa. Este novo ponto era mais fino e trazia em sua composição formas mais rebuscadas de folhagens e arabescos, diferentemente dos padrões mais geométricos das rendas italianas.
A Itália procurou reagir ao crescimento do artesanato têxtil francês e Veneza criou o punto di rosa, ou ponto de rosa. Embora tenha sido descoberto em Veneza, outra cidade italiana, Burano, acabou por se tornar a sua principal produtora, mudando o nome de ponto de rosa para ponto de Burano.
Mesmo com o advento do ponto de Burano, a Itália não conseguiu reconquistar a antiga hegemonia na produção da renda de agulha, pois foi justamente o ponto da França que se propagou por toda a Europa. Com essa ampla disseminação, outros países se sentiram encorajados a também produzirem este novo e original artesanato têxtil, principalmente no espaço de tempo em que a França cessou provisoriamente a sua produção durante a Revolução Francesa.
Porém, além da Itália e da França, é importante verificar que outras nações contribuíram profundamente para a disseminação e consolidação da renda de agulha pelo mundo, e neste contexto pode-se reconhecer Espanha, Inglaterra, Islândia e Portugal, como países fundamentais no processo de divulgação da renda. Contudo, a França continua sendo decisiva para a implantação da renda renascença no Brasil, especialmente no estado da Paraíba.
Originalmente, a renda de agulha teve seu uso atrelado ao vestuário. Historicamente, a renda foi introduzida nas indumentárias entre os séculos XV e XVI como elemento decorativo que pudesse substituir o bordado. A diferença entre o bordado e a renda é bem clara. O primeiro é a aplicação de motivos sobre o tecido de forma que este se torne uno ao pano. O segundo, a renda, constitui-se em uma trama auto-estruturada independente de um suporte, no caso, o tecido. Assim, o bordado quando aplicado em uma peça de vestuário não pode ser retirado desta, diferentemente da renda. Com essa possibilidade de ser removível, este novo artesanato têxtil tornou-se uma das maneiras encontradas por homens e mulheres para diferenciar uma mesma peça de roupa nas diversas ocasiões de seu uso.
Divergindo dos dias atuais, em que prevalece a aplicação de renda em roupas femininas, inicialmente não foi exclusivamente nas vestimentas de mulheres que ela teve destaque, pois suntuosas peças desse artesanato foram produzidas para os trajes masculinos. Nesses séculos, durante o Renascimento, encontram-se vários personagens nobres usando renda em seus trajes, concedendo a esta um grau de sofisticação que ajudou em muito a difundila por toda a Europa.
Com o passar dos anos, a renda ganhou ainda mais destaque nas indumentárias, sendo empregada com magnificência, além de seu predomínio em golas, mas também em punhos e em lingerie feminina e masculina. Além desses usos, também foram usadas na ornamentação dos canos das botas altas, surgindo a moda dos canhões (ornamentos de rendas que se prendiam ao longo das pernas).
O uso das rendas foi de tal proporção que seu valor social em possuí-las era de elevado status, a ponto de a Igreja Católica proibir o uso excessivo desse artefato, embora também a Igreja a usasse em suas vestes eclesiásticas e na decoração dos altares.