A cultura cruzetense sempre foi palco de muitos eventos, talvez um tanto quanto simples, mas de muita organização. Dentre as artes existentes destacamos o teatro como pólo de desenvolvimento cultural onde predominam a autonomia, a livre expressão e o gosto por uma das mais belas artes encontrada na humanidade.
Antes mesmo do teatro “O Boca do Inferno” e posteriormente o “Teatro Coisas da Terra” surgirem, Cruzeta já manifestava o hábito da arte de encenar, dentro de suas escolas, grupos de jovens, igrejas, etc.
Era uma vez...
...uma turma do 2º ano do Magistério da CNEC. Nesta época professores da então escola, atualmente extinta, procuravam dar uma nova visão pedagógica na prática educativa institucional. Assim no ano de 1996 (mês de maio), em comemoração ao dia alusivo as mães, a Profª de Literatura Brasileira – Renilda Pereira - e o Professor do Ensino da Arte – Ronaldo Macedo, deram início ao Primeiro Teatro oficial do município. A brilhante professora Renilda, e idealizadora do grupo, juntamente com demais atores intitularam o grupo de TEATRO O BOCA DO INFERNO em homenagem ao grande poeta Baiano – Gregório de Matos Guerra. A primeira atuação do teatro foi no 2º domingo do mês de maio do ano de 1996 em comemoração ao dia das mães da escola Cenecista. A mesma apresentação, (poemas de Gregório), ilustrou a Assembléia da Festa Colheita do mesmo ano. Daí por diante novas peças surgiram, como por exemplo, a história grega de Édipo e Jô Casta.
No ano de 1997 o teatro lançou um grande e cobiçado projeto, a encenação da PAIXÃO DE CRISTO, por sugestão do então delegado de polícia Sargento Braz que ensejava o desejo de encenar a História de vida de Jesus Cristo aos cruzetenses. A diretora do grupo teatral (Renilda), aceitou imediatamente a proposta e deu o seu toque pessoal, adaptando o roteiro da peça com linguagem Bíblica da época baseado nos evangelhos de Marcos e Lucas. A cenografia e figurino de responsabilidade do Produtor Ronaldo Macedo, trazem toda uma originalidade histórica marcada com detalhes romanos onde a população veste roupas típicas de tear (pano de rede) e sandálias de sola crua. A realeza toda uma indumentária de tecidos finos, rebordados de vidrilhos e estilo da época.
O primeiro ator a no papel de Jesus foi do grande ator nato Eduardo Bezerra (Vivim) – filho do saudoso Sinval Azevedo – que se empenhou de corpo e alma no processo de encenação. A produção teve início em um modesto estúdio de gravações – Lino Gravações ao lado da residência de Cleide Mirian de Azevedo, para as gravações do texto já que a estréia seria pelas ruas da cidade, partindo das margens do açude público (DNOCS), passando pela Igreja Matriz de N. S. dos Remédios e finalizando no Cemitério Público São João Batista. No ano de 1999 a encenação passa a ser realizada na Praça de Eventos Dr. Sílvio Bezerra de Melo, onde acontece até os dias de hoje. A paixão de Cristo cruzetense revolucionou as tradições seridoenses, dando maior originalidade e realidade ao drama segundo, o Diário de Natal em uma entrevista feita ao grupo, tempos depois.
No ano de 2001 a então diretora Renilda Pereira abdica da função por motivos particulares, passando o cargo para o Produtor Ronaldo Macedo. Neste mesmo ano o novo diretor reúne o elenco, forma uma direção geral (Ronildo Macêdo, Erivanildo, Izaura, Alex Bezerra, Francimário Boêmio, Dângelo Moisés, Joãozinho, Ricardo Farias, entre outros) e os deixa a cargo da produção, cenários e efeitos do espetáculo. Outro acontecido foi à mudança do nome do grupo “O Boca do Inferno” para – GRUPO DE TEATRO COISAS DA TERRA – a pedido de algumas pessoas da população cruzetense e do próprio elenco.
A partir daí surge um novo tempo para o grupo. O novo diretor, baseado no texto da Profª. Renilda revitaliza o drama com uma nova linguagem literária e cultural tornando-o um pouco mais ecumênico. Para isto, recheou o antigo texto com passagens bíblicas de vários grupos religiosos: Bíblia Sagrada Católica, o Evangelho Segundo o Espiritismo (Kardecista), mensagens mediúnicas, Bíblia Protestante (Igreja Presbiteriana). Apesar desse emaranhado de linguagens o texto ficou com sua essência cristã passando uma bela mensagem de fé aos cristãos cruzetenses.
Ocorreram também à restauração e confecção de figurinos novos, adereços e cenários. A cenografia bastante inovadora na região com a construção de enormes painéis (cortinas com paisagens dos atos da peça), as quais chegam a ter 11 metros de comprimentos, com pinturas formando fundos cenográficos.
Dezenas de atores amadores já passaram pelo grupo teatral. Hoje, muitos já se foram: migraram para outros municípios ou estados, casaram-se, ou mesmo no caso de Vivim que fez sua passagem para junto do criador.
Dentre os diversos atores que passaram pelo grupo, nada se compara ao talento do protagonista do drama da Paixão de Cristo – Francisco Eduardo Bezerra (Vivim). Ele fez o papel de Jesus entre 1997 e 2002. O mesmo era o tipo de personagem que veio com o dom de atuar e necessitava de um laboratório. Cruzeta assim o fez. Artista nato que era se projetou tal qual um verdadeiro Cristo no momento de suas atuações. Fisicamente conduzia grande semelhança ao personagem visto pelo mundo religioso e quanto a sua atuação, a cada ano era superada pelo esforço e desejo de se sentir parte do sofrimento de Jesus. Dava o melhor de si nas performances, gestos e momentos de contracena.
Infelizmente no ano de 2002 (16/10) veio a falecer muito jovem vítima de uma parada cardíaca. Fez sua linda passagem na maior alegria ao lado do afilhado Branquinho no canoão do Parque de Diversões Santa Rita em plena festa da Padroeira.
No ano de 2003, o então diretor Ronaldo Macêdo decidiu não apresentar a Paixão de Cristo. Reuniu o elenco em plena praça de eventos realizando uma bela homenagem ao amigo, encenando a alto biografia do mesmo desde o seu nascimento até sua morte. No momento encontrava-se sua mãe, Srª Violeta Azevedo (já falecida) e sua esposa Izaura Brito (atual diretora de artes do teatro). Um enorme telão foi montado com fotos e mensagens que emocionou a todos.
“No embalo do vento;
No embalo de sorrisos surpresos;
No vai e vem frenético das emoções,
Um sonho é embalado;
Sufocado pelos embalos da vida;
Embalos que deslizaram suaves nas nuvens;
Deslizes que levaram embalados o futuro de um ser;
Um embalo só de ida em um grande barco
Recheado de alegrias e cores...
(R. Macedo/04).
Como o espetáculo não pode parar, neste mesmo ano descobre-se um novo talento (já membro do teatro), o ator André Carlos (filho de Chico Nin) que passou a protagonizar o drama. Atualmente o mesmo permanece fiel aos ideais do grupo, que mesmo residindo em Natal (Macaíba), anualmente comparece a nossa terra para mostrar seu talento na Sexta-feira Santa.
No ano de 2010, o diretor Ronaldo Macêdo reúne seu elenco e parte para uma nova jornada que é transformar o grupo em uma Companhia de Teatro através de uma Associação. As primeiras providências já foram tomadas: Assembléia Geral, criação do seu Estatuto e primeira Ata. O grupo passa a se intitular – “Companhia de Teatro Coisas da Terra” – criou-se também um brasão comemorativo que faz jus as realizações do grupo.
ATIVIDADES TEATRAIS REALIZADAS:
ANO DE 1997
• Peça realizada a convite da SMECE através do Programa do Governo Federal – “Toda Criança na Escola”.
• Primeira PAIXÃO DE CRISTO
• Peça realizada a convite da EMCAS através do projeto – Violência. Cena urbana acontecida em São Paulo quando uma professora foi feita refém em um ônibus.
• Peças de Clássicos Infantis realizadas na Festa Folclórica da EMCAS.
• Baile à fantasia da turma concluinte – fundadora do teatro.
• Dança envolvendo poesias e a cultura indígena – Folclore EMCAS.
ANO DE 1998
• 2º Paixão de Cristo – pelas ruas da cidade.
ANO DE 1999
• 3º Paixão de Cristo – pelas ruas da cidade.
ANO DE 2000
• 4º Paixão de Cristo – na praça de eventos.
ANO DE 2001
• 5º Paixão de Cristo – na praça de eventos.
• O Teatro “O Boca do Inferno” muda o seu nome para “Teatro Coisas da Terra”. Muda também a direção para Ronaldo Macedo.
ANO DE 2002
• Oficina de teatro oferecida às crianças do Programa do Governo Federal – PETI – em Carnaúba dos Dantas -RN, pelo Teatro Coisas da Terra.
• Participação na I Feira Regional de Saúde em Caicó-RN com o tema Ranceníase – Sensibilidade à flor da pele.
• Abertura feita a convite da SMECE para o Programa de Formação Continuada PCN em Ação com a peça “Morte e Vida Severina”.
• 6º Paixão de Cristo – na praça de eventos.
• Participação no Festival de Gincanas realizado em Jardim do Seridó-RN conquistando o troféu de 1º lugar.
ANO DE 2003
• Peça realiza no Sítio Pedra Preta, propriedade do prefeito Geraldo Alves da Silva – em homenagem ao seu aniversário. “Sátira relatando o dia a dia do mesmo”.
• Participação no III encontro Seridoense de adolescentes. Abertura homenageando a história e cultura dos municípios participantes e encerramento com uma mensagem de paz.
• No ano de 2003 não aconteceu o 7º espetáculo da Paixão de Cristo em decorrência da passagem de Vivim. O Teatro Coisas da Terra alugou um telão e passou na praça de eventos os melhores momentos de sua trajetória na atuação de Jesus. No momento os atores encenaram a biografia (toda sua vida) em homenagem ao mesmo e sua família.
ANO DE 2004
• A 8ª Paixão de Cristo 2004 revela o ator André Carlos no papel de Jesus. Antes ele atuava como João Batista ao lado de Vivim. Ele foi o escolhido, não para substituir mas, para dar continuidade a um trabalho feito com muito amor e dedicação para a população cruzetense. Atualmente a Paixão de Cristo tornou-se para o Teatro Coisas da Terra uma marca de referência cultural.
• Dia de lazer oferecido ao elenco do Teatro Coisas da Terra no Sítio Pedra Preta de propriedade do Prefeito Geraldo Alves da Silva.
• Participação na II Feira Cultural da Escola Municipal Calpúrnia C. de Amorim na cidade de Jardim do Seridó. Além da apresentação no encerramento o Teatro montou uma exposição contando os principais fatos históricos e culturais do município de Cruzeta e sua gestão atual.
• II Halloween organizado na Associação Educadora de Cruzeta.
• Gincana Cultural – São João do Sabugi-RN.
ANO DE 2005
• A 9ª Paixão de Cristo.
• Realização do III Halloween
ANO DE 2006
• A 10ª E 10ª Paixão de Cristo.
• Realiza na A.E.C. o 1º Concurso do Garoto e Garota Corpo Dourado.
• Gincana Cultural – Cruzeta X São João do Sabugi.
• Peça em um ato – O Casamento Maluco – participação no Aqui Acontece São João e Festa da Coleita.
ANO DE 2007
• A11ª Paixão de Cristo.
• Faz a Abertura do 14º Aqui Acontece São João com a Peça – “O Grande Pecado de Lampião e sua Terrível Peleja para entrar no Céu”.
ANO DE 2008
• A12ª Paixão de Cristo.
• Faz a Abertura dos 15 Anos do Aqui Acontece São João com Uma bela “Dança Flamenca” – em homenagem a primeira quadrilha de Cruzeta – O Arraial dos Três Rios.
• Participação na primeira noite dos motoristas na Festa de Santo Antônio.
ANO DE 2009
• A13ª Paixão de Cristo.
• Participação na segunda noite dos motoristas na Festa de Santo Antônio.
ANO DE 2010
• A14ª Paixão de Cristo.
• A convite do Pe. Heliton Marcone encena no último de maio, no Palácio de Esportes, a peça “As aparições de N. S. de Guadalupe”.
• Realiza carreata e homenagem aos motoristas durante a Festa de Santo Antônio.
• Reencena a peça - “O Grande Pecado de Lampião e sua Terrível Peleja para entrar no Céu” no 18º Aqui Acontece São João.
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