quinta-feira, 10 de junho de 2010

UM SONHO QUASE PERFEITO

Despertei dum sono maravilhoso
em uma manhã serena,
típica do interiorano
na pacata Cruzeta
cidade pequena.

Veio à memória, um filme de imagens
aglutinando épocas diferentes
- uma verdadeira viagem encantadora...
...Contemplei entre os rochedos
e a vegetação de caatinga,
o encontro dos três rios
- exuberante paisagem,
tanto cobiçada pelos indígenas
e os primeiros colonizadores,
visando a expansão da criação do gado
Assim, surgia a Fazenda Remédio.

Saudei o senhor Joaquim José de Medeiros,
homem acolhedor, lembrado em importante
estabelecimento educacional.

Ao lado do cônego Ambrósio,
lá estava eu e muitos outros,
na mesma lida incansável
para erguemos a nossa casa de oração:
A Igreja dos Remédios,
onde rendemos nossas fervorosas orações.

E o velho cruzeiro?
Ah! Ali estava ele,
a cruz da praça,
bem firme no adro da padroeira!

Adiante, fui vendo aos poucos,
a edificação dos velhos casarios
e suas formas arquitetônicas
derredor da igreja.
Revivi aquele vinte e quatro de outubro,
efemérides festiva e marcante à fundação da cidade.

Mil novecentos e vinte,
na minha velha ribeira;
debaixo duma latada
foi feita a primeira feira.
Velhos e bons tempos de tradição
condenados ao esquecimento
- coisas que não voltam mais!

Já em dezoito de agosto,
no ano de trinta e sete;
o lugar muda de posto
e a vila virou manchete.

Surge através da virtude,
um desejo muito grande...
Com a construção do açude
o espelho d’água se expande.

Vinte e cinco de novembro
do ano cinqüenta e três,
vem a emancipação
momento de vividez”
Conversando com amigos,
lembrávamos a simplicidade da nossa gente:
os namoros respeitosos;
a severidade dos pais,
vigiando os atos da juventude.
Beijos e abraços?
Jamais, às vistas da sociedade.

As antigas brincadeiras;
as cantigas de roda;
nosso modo de vestir;
o chapéu em saudação;
o respeito aos mais velhos;
as festas tradicionais...
presenciei as mais significantes
transformações da minha terra.

Vi o comércio se estabelecer
a partir dos humildes comerciantes
e suas bodegas;
a chegada da Estação Experimental,
na febre do algodão.

Também recordei nossos valentes vaqueiros,
Agricultores, ceramistas
e outros seguimentos sociais, fervorosos
participando da festa da colheita;
das quermesses na festa da padroeira.

Fiquei encantado com o clarão
da luz de Paulo Afonso.
quanta euforia do nosso povo
Naquela noite!

E por falar em noite, sabe de que lembrei?
Lembrei das noites de São João!
Dos festejos juninos. Das fogueiras.
Saudades dos arraias do passado e do presente.
Arraiá Três Rios; Arraiá nas Estrelas,
a pioneira no nordeste.
Ó que saudades!

Encontrei personalidades:
Monsenhor João Agripino e suas irmãs religiosas;
Mônica Maria falando de educação e artesanato;
Terezinha de Jesus Góis;
Renilda Pereira e Ronaldo Macedo;
e até tirei quebranto com Barica Rezadeira!
Ouvir os acordes sonoros
de Paulo Lúcio em seu violão mágico.

E, parei diante da nossa gloriosa
Filarmônica, sob a regência do maestro Bembém,
executando aquelas saudosas retretas.

Quantas emoções ao deparar-me
com as reminiscências fotográficas de seu Inácio...
De repente... As velhas fotografias
pareciam desbotadas e as imagens
desaparecendo completamente dos olhos meus...

...iria lembrar muito mais!
Entretanto, acordei ao som alegre da passarada,
Interrompendo UM SONHO QUASE PERFEITO.

POEMA DE _ Djalma Mota

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