domingo, 14 de novembro de 2010

2010... 90 ANOS DE CRUZETA.


A cultura de um povo começa na infância, nas cantigas de ninar, nas rodas, nos brinquedos e nas brincadeiras, nos modos de se relacionar com os pais, na escola e na comunidade, na forma de se alimentar e de se vestir, no falar e na ocupação do especo.
Nossa cultura está na arte de quem canta de quem toca seus instrumentos musicais, nas serestas, nas cantorias de repentistas e violeiros, nas danças, nas festas dos santos padroeiros, no fazer artesanato, pintar, bordar e cozinhar. Está no conhecimento do valor medicinal das plantas e no rezar das (dos) curandeiras (os), inclusive para fechar o corpo e curar o mau olhado. Está nas figuras da rua, das parteiras, dos pontos de encontros nas calçadas, nos bares, nos esportistas, nas gírias e poetas.
Quantos cruzetenses lembram com saudades: dos grandes carnavais; a mais bela voz; Rosa de maio. As antigas festas de outubro ao redor do mercado (que está em ruínas). As Rainhas e Bonecas da festa de outubro; das gincanas culturais; as barracas Azul e Encarnado; o parque de seu Lima, o parque infantil, o desligamento da luz do motor. Do artesanato com palha e barro. Das expressões e vocábulos; da padaria de Antônio de Baé, do poli de Ana Hipólito e das iscas da festa; A lenda do Crucifixo de madrepérola e da Besta Fera; As brincadeiras, brinquedos e jogos como: passar o anel, bonecas de pano, carro de lata, bola de pano, piquete, bandeirante, pé de quenga, peças de drama.
É com esse passado que se aprende a desenhar o futuro. É estudando a história dos nossos antepassados que entendemos o que acontece atualmente em nosso mundo. A história cultural se repete e, por incrível que pareça, se ela fosse mais conhecida e respeitada seria a mais copiada em seus bons momentos e mais evitada em seus aspectos negativos.
A importância da história cultural de um povo reside no fato de servir como referência para os que vão lhe dar continuidade, e não como lixo para quem a viveu e escreveu.
No entanto o que se vê hoje em dia é a quebra gradual deste elo com nossas raízes, fruto em parte, do esvaziamento das relações humanas, as pessoas que realmente entendem de cultura, são escanteadas, sem apoio e é por isso que a culta daqui está cada vez mais em baixa.
Assim, mesmo diante de tantas mudanças no comportamento social e fazendo 90 anos de história de Cruzeta, ainda encontramos algumas expressões na história do nosso povo. Podemos salientar a Festa de outubro que a cada ano tem seu brilho com seus filhos ausentes e presentes, o mês de junho com suas festividades juninas, fogueiras e uma culinária típica. As mãos que falam através da pintura; a festa da Miss Cruzeta; figuras populares como: Dasdores Mascena. Barica, Marines de Chico Duque, Paulo César; bordados, os bolos, biscoitos e chouriços e a boa culinária de Alzenir Neves, Vitória Almeida.
Vem quantas coisas boas ainda temos para destacar e dar importância a nossa cultura.
Temos que zelar pelo nosso patrimônio histórico material e imaterial em nome do progresso e desenvolvimento. Alguns questionamentos saltam em nossas mentes. Até que ponto estamos contribuindo com o desenvolvimento de nossa cidade, se estamos destruindo o que temos de mais sagrado em nossa cultura? Até que ponto, amanhã ou depois, poderemos perguntar quem somos? A qual cultura pertencemos? Como eram nossos antepassados? E que herança histórica teremos para contar as futuras gerações?
Temos urgentemente que fazer alguma coisa para podermos salvar o pouco que resta da nossa cultura, caso contrário corremos o risco de não mais sabermos nossa origem, nossos hábitos, costumes, religião, língua etc.

Parabéns Cruzeta pelos 90 anos de fundação.
(Artigo de Céssio Pereira).

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