domingo, 14 de novembro de 2010

ANTÔNIO PAIS DE BULHÕES E A ORIGEM DE CRUZETA


Os primeiros habitantes das terras onde hoje está localizada a cidade de Cruzeta foram os índios Cariris e os Caicós. Expulsos pelos colonizadores do vizinho Estado da Paraíba, eles partiram rumo ao Seridó, no Rio Grande do Norte, onde se fixaram. A caçada aos índios continuou e nas últimas décadas do século XVII, na chamada Guerra dos Bárbaros, os Cariris, Janduís, Tapuias e Caicós foram expulsos do Seridó, abrindo perspectivas para a colonização da região. Foi nesse período que essas terras começaram a tomar povoação. Mas para que esse processo fosse efetivado, concessões de sesmarias foram outorgadas a quem apresentasse petição em ordem.
Funcionários do Reino, recém-chegados de Portugal iram recebendo as doações com a incumbência de ocupar as terras. Datado pela História o português Antônio Pais de Bulhões foi o primeiro proprietário dessas terras. Vindo da Paraíba, ele chegou às terras que hoje é a cidade de Cruzeta por volta do século XVIII, construindo sua fazenda à margem do Rio São José, num lugar que um beneficiado seu denominou “Remédio” num dia de aflição em tempo de seca, ainda no século XVIII.
Antônio Pais de Bulhões viajou do Acari com imenso sacrifício até Camaratuba, no litoral, para comprar farinha – alimento básico -, mas não encontrou quem vendesse. Um escravo, todavia, sabedor do fato, cedeu-lhe a sua produção consentida, e não quis receber pagamento. Passada a seca, Pais de Bulhões retornou a Camaratuba, pagou a carta de alforria para seu amigo, trouxe-o para o sertão e deu-lhe no Rio São José, terra, casa e algumas cabeças de gado. Este ex-escravo chamava-se Feliciano José da Rocha e veio a ser próspero fazendeiro, o Capitão Feliciano.
Em outro ano de seca, esforçando-se ele para salvar seu rebanho, e o de seu amigo, da fome e da seca, começou a cavar cacimbas no leito seco do rio: se não encontrasse água, seria uma calamidade; se encontrasse, teria o remédio. Encontrou. Daí “a origem do nome Fazenda Remédio”. Ainda sobre Antônio Pais de Bulhões, o que se sabe é que seus pais eram portugueses e que sua esposa chamava-se Ana Araújo Pereira.
Lendas circundam a história da cidade de Cruzeta. Acredita-se que os irmãos Rodrigo de Medeiros Rocha e Sebastião de Medeiros Rocha vieram de Portugal para o Brasil, especificamente para o sertão nordestino fugido, a fim de procurar parentes em Pernambuco, os quais lhes enviaram a Paraíba do Norte, mas vindo se abrigarem em Preás, pertencente ao atual território do Rio Grande do Norte.
Os irmãos se casaram com duas irmãs: Sebastião com Antônia Barbosa e Rodrigo com Apolônia Barbosa. Rodrigo de Medeiros Rocha faleceu em 1757 e sua esposa ficou morando na Fazenda Remédio, com seu filho caçula, Manuel de Medeiros Rocha, até sua morte, em 1802.
Joaquim José de Medeiros pertence à genealogia da família Medeiros e recebeu a Fazenda Remédio como herança. Segundo Câmara Cascudo (1980, p. 176): “a sede municipal assenta na Fazenda Remédio, pertencente, em 1766, a Bartolomeu da Costa Pereira e, em 1810, ao sargento-mor, Manuel de Medeiros Rocha”.
Esses dois foram os primeiros proprietários da Fazenda Remédio, que a herdaram de Antônio Pais de Bulhões, sogro de Manuel de Medeiros Rocha e avô de Bartolomeu. Respectivamente, com a morte destes, Luís Geraldo de Medeiros a herdou de seu pai, o senhor Berto Medeiros, que a deixou para seu filho, Joaquim José de Medeiros, doador e fundador do povoado Remédio, atual cidade de Cruzeta.
Assim, em 1910, quando era Presidente da República Brasileira, o Estadista Dr. Nilo Peçanha e Governador do nosso Estado, o Dr. Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão, teve lugar o estudo do açude que só dez anos mais tarde recebia o despacho para a sua construção.
Para ser efetuada a construção do manancial, foi preciso executar a desapropriação de terras onde o mesmo seria construído. Nessa mesma época, o Senhor Joaquim José de Medeiros, proprietário da Fazenda Remédio, foi ao município de Acari, sede a qual o Sítio Remédio era vinculado, a fim de propor ao Prefeito Municipal que, simultaneamente aos trabalhos de construção do açude, se instituísse um povoado nessa região.
O Senhor Joaquim José de Medeiros comprometeu-se no momento, em fornecer terras necessárias para as construções de casas para os futuros habitantes do lugarejo nascente. Essa doação seria ofertada ao patrimônio de uma capela que seria construída naquela época.
O nome Cruzeta foi idealizado por Joaquim das Virgens Pereira, por motivo do cruzamento dos três rios: Rio do Meio, Quimporó e Salgado.Fundada em 24 de outubro de 1920, Cruzeta passou à categoria de povoado para Vila em 18 de agosto de 1937.
Após um ano, a então Vila atestava seu desenvolvimento a partir da construção do Açude Público, o que proporcionou a passagem da condição de Vila para Distrito, pertencente à cidade de Acari, conforme o Decreto Lei Estadual 603, de 31/10/1938 .Conforme a Lei Estadual nº 915, de 24 de novembro de 1953, publicada no Diário Oficial de 25 de novembro de 1953, deu-se a Emancipação Política desse Município, para orgulho e deleite dos cruzetenses.
De acordo com a Divisão Regional do Brasil (IBGE), o Estado do Rio Grande do Norte integra a macrorregião do Nordeste, área de território nacional com cerca de 1,5 milhões de Km². O Rio Grande do Norte encontra-se dividido em 167 municípios, dentre eles o de Cruzeta. Este se localiza na mesorregião Central Potiguar, mais precisamente na microrregião do Seridó Oriental.
A Sede Municipal encontra-se a 225,41m de altitude e tem sua posição geográfica determinada pelo paralelo de 6º 23’ 47” de Latitude Sul, em sua intersecção com o Meridiano de 36º 41’ 39” de Longitude Oeste.O município apresenta uma área de 295,83, Km² e uma densidade demográfica de 28,6 hab/ Km².



2 comentários:

  1. Ola
    Sou professora Julie A Cavignac, da UFRN.
    Estamos fazendo uma pesquisa sobre os descendentes da família Belém em Acari e Cruzeta. No entanto, não temos contato em Cruzeta, poderia nos ajudar?
    Agradecemos infinitamente
    Profa Julie

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  2. A professora Julie ficou com Deus na resposta 🤧

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