O Seridó do Rio Grande do Norte constitui uma importante região natural do semi-árido nordestino, figurando com particular importância ao lado de regiões que integram a região seca no Nordeste.
O Seridó do Rio Grande do Norte tem aspectos físico-climáticos bastante específicos:
O clima é muito quente e semi-árido, com uma média pluviométrica de 550 mm/ano, mas caracterizado por um regimento de escassez e desigual distribuição de chuvas, mas com uma insolação média de 3.000 horas de luz solar por ano aliada a temperaturas médias sempre superiores a 22°C.
A vegetação predominante é baixa, de cactos, arbustos espaçados com capinas de permeio e manchas desmudas.
Seus solos são em grande parte pedregosos, são caracterizados por escassa profundidade e bastantes sensíveis à erosão.
A contribuição dos fatores acima acarreta uma aptidão agrícola limitada e é difícil encontrar faixas amplas e contínuas de terras agricultáveis.
A região conta com 28 municípios distribuídos por três zonas homogêneas, ou sejam, de Caicó, Currais Novos e das Serras Centrais, ocupando uma área total de 12.965,3 km².
Apesar das diversidades naturais vivem no Seridó do Rio Grande do Norte quase 300 mil pessoas, 11% da população estadual, mas vem induzindo o processo d urbanização que está por volta de 68% da população seridoense.
Sob o ponto de vista econômico o tripé básico da estruturação da região foi formado pela pecuária, o algodão consorciado muitas vezes, com as lavouras alimentares nas zonas férteis e a mineração com a exploração da Tantalita, do Berílio, da Scheelita e da Cassiterita, tripé este que infelizmente na década de oitenta ruíram quase que ao mesmo tempo.
A sociedade da região enfrentou todas as adversidades, e a economia do Seridó do Rio Grande do Norte encontra-se em processo de reestruturação fundamentada por:
Uma bacia leiteira caracterizada como a principal do Estado e que se consolida rapidamente.
Modernização e ampliação da caprino-ovinocultura regional.
A agroindústria se fortalece principalmente com produtos de origem animal em bases artesanais e modernas.
Dentro dos demais setores industriais, destaca-se a indústria cerâmica e a de confecções, onde Caicó já é o segundo pólo boneleiro do Brasil com aproximadamente 60 indústrias entre produtores de hotéis e componentes.
O Comércio acompanhando o aumento das atividades agrícolas e industriais acompanha a evolução.
Um setor de serviços que vem se desenvolvendo para apoiar e aperfeiçoar a competitividade de todos os setores da economia regional.
Outra atividade importante é sem dúvida o artesanato já descoberto dentro e fora do Estado, e que se organiza para atender o mercado internacional. Os bordados, rendas, trabalhos em pedra e madeira, cerâmicas decorativas e produtos alimentícios e muitos outros peculiares e singulares.
Devido esta abnegação e seriedade da sociedade seridoense, seus produtos já ganharam a fama de qualidade, merecendo a consolidação e proteção da marca Seridó reconhecida e já imitada por negociantes e fabricantes de outras regiões do país.
Topograficamente apresenta dois aspectos distintos: altos, serras, montanhas e baixios. Nas serras, em geral pedregosas, a agricultura é escassa, quase nenhuma, salvo exceções, como a da Serra de Santana, contraforte da cadeia da Borborema, aproveitada para certas culturas, que ali florescem administrativamente, como a da mandioca. Os baixios é que são os tratos de terra agrícola por excelência, aproveitados quase palmo a palmo, com o ingente esforço dos seridoenses. Aí o solo é silícico-argiloso, com razoável teor de umidade. Um estudioso da região, citado por Fernando Melo do Nascimento, assim descreve a bacia hidrográfica do Seridó.
“É uma região estranha. Ondulada, pedregosa, estéril em grande parte, quase sem vegetação nas terras altas, recebendo escassa pluviosidade, menos de 600 milímetros e, em parte, menos de 400. Solo raso ou inexistente, cursos muitos mais desequilibrados do que das caatingas sertanejas, cearenses, paraibanas e potiguares. Ausência de árvores. A fertilidade se refugia nos aluviões das margens das torrentes, aluviões riquíssimos. Nesta região ingrata, talvez a que mais aparece menos propícia ao homem, este, trabalhador e inteligente, soube viver e prosperar. Nas aluviões restantes nas colinas melhores, onde há algum solo, próspera o admirável algodoeiro Mocó, um dos mais interessantes vegetais do país”.
Este algodão, o Mocó, de fibra longa, sedosa, resistente, o melhor do Brasil, um dos melhores do mundo, constitui desde muitos decênios, a maior riqueza, a fonte principal de vida da população seridoense, tendo desde muito superado a criação de gado, que foi o motivo inicial do povoamento.
Fonte: O Seridó na memória do seu povo/2001)
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